"Música superior (vide especialmente o segundo movimento), grandes músicos e, uma vez mais e sempre, a incalculável superioridade dos instrumentos modernos." (Carlos Nougué)
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Hollywood - ou porque o bosque de azevinhos não foi o bosque sagrado - (IV)
Pois bem, que o cinema
norte-americano não foi materialista não significa que não foi liberal. Se o
primeiro principio liberal é o da “absoluta
soberania do indivíduo com inteira independência de Deus e de sua autoridade”,
a comprovação que nos apresenta a ampla maioria dos filmes surgidos de
Hollywood – mais além de ocasionais invocações de Deus- pode resumir-se em umas
palavras de Pio XII: “Com freqüência a
Deus não se nega, nem se lhe injuria nem se lhe blasfema; apenas Ele está
ausente. A propaganda de uma vida terrestre sem Deus é aberta, contínua. Com
razão se observou que geralmente, ainda nos filmes considerados moralmente
irrepreensíveis, os homens vivem e morrem como se não existisse Deus, nem a
Redenção, nem a Igreja. Não queremos colocarmos a discutir as intenções, mas
não é menos verdadeiro que as conseqüências destas representações
cinematográficas são já extensas e profundas”. Mais ainda e ao contrário
desta impossibilidade, em muitíssimos casos nem sequer é dado advertir uma
visão do diretor de onde mais além de seus personagens, ele se pode criar uma
estrutura secreta que nos conduza a compreender uma Ordem na qual o homem não
pode subtrair-se a Deus (como muito bem mostrou Hitchcock em seus filmes não
explicitamente católicos; respeito a visão do cinema sobre o mistério e o
transcendente ampliamos em outro capítulo deste nosso livro, como também o
estudo ilustrado “La mirada de Alfred
Hitchcock”).
David Wark Griffith, o gênio inventor do cinema.
Levou em si as contradições próprias do que dominou a América.
Levou em si as contradições próprias do que dominou a América.
Voltamos à esta contradição
que marcou desde seus começos o cinema estadounidense. Uma das mais claras e
primeiras manifestações deste conflito e esta rápida utilização do cinema por
parte do poder se pode ver no mesmo Griffith. Filho de um general derrotado na
Guerra de Secessão, demonstrou seu claro destacamento à causa sulista com sua
monumental obra magna, “O Nascimento de uma Nação” (1914). Sem dúvida, esta
inocultável proposta “dixie”, esta superprodução de um derrotado não o impediu
colaborar explicitamente com o vitorioso liberalismo maçom, como pode ver-se
nas versões ingênuas e propagandísticas de “Hearts
of the World” (filmada por expresso pedido de Lloyd George, primeiro
ministro britânico durante a Primeira Guerra), “América”, “Abraham Lincoln”,
ou “Orphans
of the Storm”. Se podia dar-se ao gosto de glorificar o Sul, de um modo
romântico, superficial e encantador, não podia colocar em questão o caráter
predestinado da América nem indagar acerca da verdade histórica, entre outras
coisas do assassinato de Lincoln. Cremos que não foi até “O Nascimento de uma Nação” se não quando o poder político-economico
dominante nos Estados Unidos advertiu e compreendeu o poder persuasivo do
cinema – como o compreenderam por isso então os comunistas russos financiados
pelos banqueiros norte-americanos (por certo, o quê até 1916 León Bronstein,
mais conhecido como Trotsky, participando como extra de cinema na costa
oeste?).
O crescimento dos grandes
estúdios esteve ligado – coisa que nunca se disse mas resulta obviamente – com
o financiamento dos bancos, muitos em mãos de seus paisanos (o primeiro em
financiar a estes produtores em seus primeiros passos foi o Bank of America;
logo Morgan e Rockefeller; Warner foi sustentado por Goldman, Sachs & Co.).
Sem dúvida, não queremos simplificar dizendo que esta condição foi decisiva na
hora de filmar um filme, desde já, se não que a orientação geral de uma grande
estúdio diante de um feito importante (Guerra), educativo (História) ou tema
influente (Religião) na sociedade, não podia resultar independente de
semelhantes poderes que, o repetimos, se estavam fazendo por aqueles anos com o
controle dos resortes mais importantes da economia norte-americana. Não ver
isto e pretender que os magnatas dos estúdios não recebiam nenhum grau de influência
por parte dos donos do poder econômico norte-americano é algo muito ingênuo.
Vale à pena deter-se aqui para confrontar certas proposições que sobre
Hollywood foram vertidas por Ángel Faretta, em oposição à muito difundida
opinião de que o cinema de Hollywood
veria a ser “o ópio dos povos”, coisa que negamos, pelo menos se vê em termos
absolutos.
Continua...
sábado, 7 de setembro de 2013
Pátria
7 de Setembro de 2013
Viva a Nação Soberana Brasileira!
Viva a Nação Soberana Brasileira!
Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
circulo! E sou perfume, e sombra, e sol e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
e subo do teu cerne ao céu de galho em galho!
Dos teus liquens, dos teus cipós, da tua fronde,
do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,
de ti, - rebento em luz e em cânticos me espalho!
Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,
no alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!
E eu, morto, - sendo tu cheia de cicatrizes,
tu golpeada e insultada, eu tremerei sepulto:
e os meus ossos no chão, como as tuas raízes,
se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!
circulo! E sou perfume, e sombra, e sol e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
e subo do teu cerne ao céu de galho em galho!
Dos teus liquens, dos teus cipós, da tua fronde,
do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,
de ti, - rebento em luz e em cânticos me espalho!
Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,
no alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!
E eu, morto, - sendo tu cheia de cicatrizes,
tu golpeada e insultada, eu tremerei sepulto:
e os meus ossos no chão, como as tuas raízes,
se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!
Olavo Bilac
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Hollywood - ou porque o bosque de azevinhos não foi o bosque sagrado - (III)
Por Flavio Mateos
Os Estados Unidos são um
país contraditório desde sua natureza. Nasceu revolucionário, seus Pais
Fundadores foram homens de bom sentido e virtudes naturais, mas de maus
princípios. Protestantes puritanos e maçons que queriam construir um país com
base na heresia, o qual é ir contra tudo o que é estável, e de per si contraditório. O mesmo
Washington era um gentleman e
revolucionário; tinha propriedades e escravos, e realizou uma revolução. Por um
lado a honestidade e pelo outros a rebeldia, criando juntas uma tensão que
sempre persistiria no país. Se trata da liberdade colocada antes da verdade.
Estados Unidos é um país onde o Presidente norte-americano deveria ser chamado
Rei, segundo Chesterton, pois a República norte-americana era a última monarquia
medieval. E sem dúvida, este “Rei” obedecia a poderes ocultos que o
transformavam em um lacaio daqueles que tomavam verdadeiramente as decisões.
Estados Unidos é o país onde o homem do Sul, Lincoln, comenda o país do Norte
durante a guerra civil. Foi neste país, onde o liberalismo estava comodamente
aposentado, ocultando aparentemente essas contradições, de onde a nova vinda de
imigrantes europeus fez pé. A idéia suprema da liberdade, a confiança no
sistema democrático, a certeza de ser a “terra das oportunidades”, a pujança
econômica e o naturalismo se faziam firmes no ideário do norte-americano médio.
O poder econômico nas mãos dos banqueiros internacionais estava a ponto de
acrescentar-se ao extremo de dominar por completo a União (isto ia dar-se em
1913 com a criação – fraudulenta – da Federal
Reserve). A maçonaria e o poder judeu, os protestantes em inumeráveis
seitas e os católicos se repartiam em diferentes proporções a seu grau de
influência em uma sociedade dinâmica e em crescimento, em especial logo após a
Primeira Guerra. Mas o problema é que o catolicismo norte-americano se
comprometeu com o mundo naquilo que hoje se conhece como “americanismo”,
traduzindo “sem mais tramite à vida
diária dos católicos o “espírito americano” secular, que por sua vez deriva
diretamente do puritanismo e do iluminismo inglês.” Era o modernismo
religioso funcionando com todos seus
direitos e prerrogativas em uma sociedade “tolerante”. Os judeus, por sua
parte, já incertos desde sua primeira vinda imigratória, se adaptaram como
quase em nenhum outro lugar (melhor incluso que na Argentina), talvez porque,
em opinião de Israel Shamir, encontraram no liberalismo imperante uma espécie
de judaísmo secularizado.
Assim as coisas, se com o
cinema surgiria a possibilidade de uma última linguagem contraditória dos
postulados e formas de um mundo dessacralizado e anti-tradicional que se estendia com a crescente influência dos meios de comunicação, o domínio
financeiro e, logo após, com as guerras, finalmente nessa luta se comprovou que
essa mesma linguagem nova podia ser refinada mas à sua vez falsificada para
muito sutilmente continuar e servir de base à guerra por outros meios.
Colocando no terreno cultural, a supremacia mundial seria muito menos
dificultosa. As contradições que forjaram a sociedade norte-americana se faziam
presentes dentro de Hollywood.
Façamos uma parênteses antes
de seguir. Há algo que disse Chesterton e que, como sempre, mais ainda mais que
em referência a nosso tema, é matéria de reflexão: “É habitual condenar o estadounidense como um materialista por causa do
culto ao êxito. Mas efetivamente este mesmo culto, como qualquer culto, ainda o
culto do diabo, prova que, mais que um materialista, é um místico”. Isto
nos leva a entender como e porque o cinema é algo que só pode surgir nos
Estados Unidos e não na Europa. Nos referimos, neste caso, à herança que
assumiu Griffith e os autores que a continuaram, antes que aos industriais que
possibilitaram e explodiam suas conquistas. Nos referimos a esse sentido de
culto cerimonioso e simbólico na forma de vincular-se à realidade (que Griffith
como bom sulista possuía), um tipo de misticismo que, fora da necessária guia
mestra da Igreja Católica, se terminou desviando não até o materialismo se não
até um neo-paganismo que logo sim, em nossos tempos, abraçaria o aberrante e o
incomunicável, previa degradação do sentido simbólico-ritual da vida. Enquanto
a Europa se havia estancado em uma imobilidade própria de quem se submete à
máquina, nos Estados Unidos a máquina foi submetida pelo homem que a tomou como
objeto sobre o qual elevou seu dinâmico misticismo. O europeu se prostrou
diante da máquina porque já não se prostrava diante de Deus. O americano não se
prostrava diante da máquina porque seu misticismo culto do êxito lhe exigia
movimentar-se. Mas também é certo que uma reverência residual do puritanismo e
do catolicismo liberal tomou para si essa re-utilização da máquina para olhar o
mundo como se este fosse jovem. Por tudo isto o cinema norte-americano pode
re-introduzir a figura do herói e a épica, sem as quais o cinema não haveria
sido o que foi. Pois agora, quê classe de herói ou arquétipo moldou Hollywood,
isso é tema de outro capítulo de nosso livro.
O certo é que o materialista
europeu esgotava sua visão no retângulo da tela fixa de Lumière e Mélies. O
místico americano, ao contrario, não podia fixar-se quieto sem expandir sua
visão mais além até o vasto horizonte. O êxito lhes pertencia. Desde logo, nem
todo misticismo é bom. O culto do comércio espreitando à poesia criaria uma
contradição que muitas vezes derivaria na insatisfação de ver estropiadas
nobres qualidades adaptadas a um fórceps de felicidade final para assegurar o
êxito. Essa dupla vertente do misticismo vinculava de uma forma com a vida
através da fantasia, e de outra através da realidade. Isto é: a chamada
“fabrica de sonhos” produzia filmes e obtinha dinheiro. Havia filmes que podiam
chegar a vincular – com sua linguagem tributaria da tradição simbólica
ocidental – com a realidade, e falamos da realidade metafísica; enquanto que o
culto do puro êxito levava a evadir da realidade a quem desde os grandes
estúdios corriam atrás do êxito e poder, mensurável em números de bilheteria e
arrecadação. A força que lhe dava o misticismo ao cinema e à indústria norte-americanas
levava consigo, como a alma dos Estados Unidos, uma tensão que não era
paradoxo, se não uma falta de coesão que ao largo devia resolver-se e hoje
resolveu-se. Mas esse é um tema posterior.
Continua...
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Hollywood - ou porque o bosque de azevinhos não foi o bosque sagrado - (II)
Por Flavio Mateos
Um dado a ter em conta é que
Hollywood ou a industria do cinema nasce antes de que nascera o cinema (o
cinema segundo o inventou D. W. Griffith e não segundo a invenção
técnico-mecânica de Edison e os Lumière).
Hollywood como lugar do
cinema nasceu à raiz da feroz briga entre o poderoso cartel comandado por
Edison no Leste, a Motion Pictures
Patents Company (M.P.P.C.), que agrupava a companhias como a Biograph, a Vitagraph, a Essanay
entre outras norte-americanas, mais as francesas Pathé e Mélies, grupo
este monopolista, e o grupo dos produtores autodenominados “independentes”,
quase todos empresários judeus que haviam ascendido vertiginosamente em seu
poder econômico em atividades alheias ao cinema e que agora viam um novo
negócio onde o lucro poderia ser exorbitante.
Uma guerra, então, entre
protestante norte-americanos ou WASP (o Trust Edison) e hábeis judeus em
ascensão (agrupados na Independent Motion
Pictures Distributing and Sales, IMP) foi a que decidiu a formação da “Meca
do cinema”. Para fugir destes processos constantes para dominar o crescente
mercado cinematográfico (ainda cinematográfico e não cinema), um adiantado, o
produtor William Selig, se mudou em 1907 a Los Angeles para filmar exteriores e
encontrar o lugar adequado para estabelecer-se. Outros produtores o imitaram e
chegaram até aquele subúrbio de Los Angeles chamado Hollywood, isto é, bosque
de azevinhos. Alguns associaram esta mudança com a anterior e lendária
conquista do distante Oeste, especialmente pelas disputas constantes e
violentas e os personagens peculiares que por ali circundavam.
Os primeiros produtores judeus se associaram na Independent Motion Pictures Distributing and Sales, IMP. Em 1912 se converteria na Universal. |
Se o leitor tem em mente que
o cinema – não como procedimento técnico-mecânico, se não como “linguagem” –
nasce a partir do gênio D. W. Griffith, que realiza seu primeiro curta no ano
de 1908, pode dizer-se então que Hollywood nasceu antes do cinema, tal como
hoje o conhecemos. Isto é, o cinema nasce como fábrica e indústria (com todas
as precariedades do caso) antes que como lugar ou taller de arte, pois este ainda estava por inventar-se. Foi graças
a Griffith e seus descobrimentos das possibilidades do novo meio que a
industria se assentou e aproveitou tais inovações porque, não se duvide que
Griffith, também, como acertou em dizer uma vez Faretta, veterano ator
partidário da causa sulista, desenvolveu a linguagem do cinema e influenciou
sobre todos os que se acercavam à esta nova expressão artística. Foi sem
dúvidas o inventor ou pelo menos o sistematizador de todos os recursos que
formaram a linguagem do novo meio que, desde então, se conhece como cinema.
O cinema norte-americano
nascerá destes pioneiros que construíram a maior e mais influente industria
cultural do mundo, de onde se albergaram os maiores talentos em matéria e desde
de onde também se difundiu um modo de ver a vida subordinado à corrente da
história da qual se movia.
Portanto, é de conhecimento
de todos que o cinema como industria foi obra dos judeus, eles mesmos se
encarregaram de recordar que é obra sua. Como e de que maneira articularam seu
poder e quê classe de visão do mundo teriam para oferecer, se é que pensaram
neste assunto na hora de produzir espetáculos para o mundo?
Devemos recordar, antes de
mais nada, qual era o país em que estes imigrantes foram acolhidos e
prosperaram, integrando-se sem dificuldades e tranquilamente.
Continua...
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