Aqui trato como redes sociais principalmente o Facebook e Instagram, pois estes permitem maior interação entre seus usuários. Apesar que o Whatsapp já está quase assim.
Conheço muitos que utilizam tais redes e não vêem mal algum. Desculpas variam: "só uso para networking", "só uso para o trabalho", "só uso para pesquisar coisas boas", "só uso para evangelizar", etc.
Comparo tais desculpas à família que tem TV em casa "apenas para ver o jornal". O leitor crê em tal escusa? Eu também não.
O fato é, mesmo que muito bem intencionada e com tal moderado uso visando determinado objetivo muito específico, a rede social nunca se isolará apenas nisso. É uma guerra vencida, desde que você entrou nela, e não foi vencida por você. Como pode? É simples: enorme desequilíbrio de força. De um lado da fibra ótica, temos imensos servidores em países estrangeiros, com sistemas de altíssima tecnologia, inteligência artificial, algoritmos com códigos de programação atualizados a todo minuto pelas mentes mais bem pagas e das melhores universidades. Fora isso, um aparato monstruoso e universal de propaganda e marketing, com trilhões de dólares, euros, e bitcoins envolvidos. Ademais, uma concorrência selvagem entre sites e redes sociais, buscando angariar cliques, compartilhamentos, hashtags, visualizações, interações, e likes, para crescer mais, angariar mais trilhões de dólares com propagandas, e prender mais usuários. Toda essa estrutura não quer saber porquê você está ali, meu caro amigo. Para essa estrutura não importa se você só busca um grupo católico para conversar. Não importa se você só faz networking. Essa estrutura só quer que você veja, clique, compartilhe. E eles vão fazer tudo para que o faça. E não adianta espernear, pois do outro lado da fibra ótica está apenas você diante do monitor ou do celular, muitas vezes sozinho, e sempre indefeso. Mas vamos lá, supomos ainda que você faça uso moderado, vejamos.
Mesmo que você use pouco, esse acesso às redes sociais é pernicioso, pois o expõe à uma série de riscos, a saber:
1- Um espírito vaidoso¹ ao ver tantas postagens de pessoas conhecidas e desconhecidas em lugares e situações diferentes, que as fazem parecer melhores em algo, o que pode gerar na nossa cabeça que também estaremos melhores se fizermos tais coisas ou coisas parecidas;
2- Um espírito mesquinho pois nas redes todos postam suas individualidades, mesmo que seja uma comunidade ou grupo, cada um quer mostrar algo de si e busca algo para si, nem que seja uma reação de outra pessoa que curta ou compartilhe o que postou;
3- Uma mente superficial e medíocre, pois nada lá é tratado com profundidade, tudo se resume a fatos, posts e fotos imediatas, que exigem uma imediata reação sem julgar mais nada a não ser o momento;
4- Uma falsa imagem do próximo: internet não é realidade. Só se posta o que convém. Fora dela existe um abismo de coisas que as pessoas não mostram ou sequer conhecem em si mesmas. Aqui também vale destacar o cuidado da vida alheia. Nas redes, mesmo que não se queira, ficamos expostos a saber de coisas que não precisávamos saber, ou de mostrar o que não precisávamos mostrar;
5- Julgamentos temerários do próximo, pois só se vê, como dito, fatos isolados. Uma foto. Se julga. Um post. Se julga. Um compartilhamento. Se julga. Se rotula. Se define o outro por aquilo. E acabou. Quê miséria!;
6- Perigo à inteligência e à sanidade²: já diversos especialistas disseram que a mente humana foi feita para entender as coisas de forma linear da superfície à profundidade. Nas redes sociais nada é linear nem profundo. O cérebro passa de um anúncio de produtos para uma discussão teológica em apenas em um rolar do mouse. Isso destrói a inteligência e faz você ficar mais burro;
7- Contato com a miséria humana sem motivo justo: outrora as moças da nobreza faziam caridade em orfanatos, hospitais e hospícios e lá tocavam diversos tipos e histórias de miséria humana, mas com o auxílio da graça e lucrando sempre indulgências pelo trabalho feito com amor a Deus, e assim também os rapazes. Nas redes sociais, o tempo todo, vemos histórias e posts das mais diversas categorias às quais o ser humano pode descer, seja fisicamente, seja moralmente, e quê auxílio temos? O de um mouse para subir ou descer rapidamente a página, caso não seja de nosso interesse vê-la. Mas às vezes cedemos, e voltamos para dar aquela olhadinha. E então, a miséria já se instalou no nosso coração. E para onde foi a nobreza que outrora ali residia? Finda-se pouco a pouco a sensibilidade do coração. O respeito ao próximo. O luto. A dignidade. A honra. E por fim, viramos novos bárbaros virtuais;
8- Impureza: não é preciso nem falar. Mesmo que você seja um anjo na terra e suas redes também sejam. Eu duvido que não veja uma impureza se usar a rede durante uma hora. Ah, é apenas uma mulher de biquíni! Ah, mas é apenas um homem sem camisa. Lembre-se de que os pastorezinhos de Fátima viram o inferno cheio de almas impuras;
9- Perda de tempo. Deus nos deu uma vida curta. Saber aproveitar cada minuto é virtude. Desperdiçar é falta de virtude. Quer ser mais virtuoso ou não?;
10- Imagine uma família católica. Imagine uma família católica virtuosa. Imagine uma família católica santa. Imagine o seu interior. Imagine o seu íntimo. Imagine as crianças e os pais. Imagine a Família Martin na sua sala, após o jantar. Imagine Santa Terezinha no colo de Louis Martin e Celina no colo de Zélia Martin. Imagine o quanto aqueles corações amavam o Sagrado Coração. Agora imagine Louis e Zélia com elas no colo, olhando o Instagram no celular. "Ah, mas era outra época..."
Salve Maria!
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Referências:
¹- Dom Lourenço Fleichman. Do ORKUT ao FACEBOOK.