De cada túmulo da Terra
ergue-se, etérea, tênue, para a altura
uma coluna de silêncio e de mistério.
De cada túmulo cavado
por toda a imensa curva
do planeta perdido:
dos túmulos soberbos
erguidos em pompa régia
de mármores e bronzes;
dos túmulos anônimos
que a herva humilde apagou
nas pequenas necrópoles;
dos túmulos infinitamente esquecidos
dos campos de batalha;
dos trágicos túmulos humaníssimos
à beira das estradas;
dos túmulos que não foram abertos
por mão nenhuma de coveiro,
mas a si mesmos se construíram
sobre os corpos tombados
nas solidões e nos desertos;
dos túmulos patriarcais, antigos,
que duros, mássiços blocos
de granito recobrem;
dos túmulos que ainda ontem não existiam,
e só nesta pura manhã receberam
seu tesouro sagrado:
de cada túmulo da Terra,
atravessando, imponderável, invisível,
toda a infinita realidade
dos espaços, das vidas, das estrelas,
ergue-se para a altura
uma coluna de mistério e de silêncio.
De um silêncio que nenhum ruído terreno
perturbará jamais.
De um mistério de dor ou de alegria
cuja lembrança apenas Deus guardou
na sua Memória Eterna...
Tasso da Silveira
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